Mito. Cuidados Paliativos existem para quem está sofrendo por consequência de uma doença grave que ameaça a continuidade da vida ou por causa dos efeitos colaterais indesejados decorrentes do tratamento. Cuidados Paliativos também são indicados para pessoas com doenças curáveis, tratáveis, controláveis e reversíveis.

Mito. O correto é que o Cuidado Paliativo se inicie no mesmo dia do diagnóstico da doença grave que ameaça a continuidade da vida. Enquanto o tratamento é feito pelo médico especialista na doença, o médico paliativista acompanha o paciente e sua família no alívio dos sintomas, pois tanto a doença quanto o tratamento podem trazer efeitos indesejáveis que aumentam o sofrimento.

Mito. Cuidado Paliativo existe para quem tem câncer, mas também deve ser aplicado para pacientes nas seguintes condições:

  1. doenças crônicas: cardíacas, pulmonares, renais, hepáticas, doenças que obstruem as artérias, portadores do vírus HIV em fase AIDS
  2. doenças neurodegenerativas: demências (todos os tipos), sequelas pós AVC, Esclerose Múltipla, Esclerose Lateral Amiotrófica, pós traumatismo craniano grave
  3. pessoas que vivem acamadas ou que já apresentam dependência para o auto cuidado
  4. pessoas transplantadas

Mito. Acelerar a morte ou abreviar a vida constitui eutanásia, que é prática proibida pela Legislação Brasileira atual. O Cuidado Paliativo se enquadra no conceito da ortotanásia, ou seja, respeitar a evolução natural da doença. A ortotanásia é permitida Pela Legislação Brasileira e pelo Conselho Federal de Medicina e é vista como prática humanizada

Mito. O médico paliativista acompanha o paciente mesmo quando ainda existe tratamento modificador de doença (por exemplo: quimioterapia, radioterapia, cirurgias, terapias medicamentosas, transplante de órgãos, etc). O objetivo dos Cuidados Paliativos é amenizar o sofrimento das pessoas.

Mito. Morfina é um medicamento pertencente à classe dos opioides e serve para alívio de dor forte e também para falta de ar. É um medicamento seguro e de grande valia quando indicado por médico que tem treinamento e domínio na sua prescrição.

Mito. Cuidado Paliativo é sobre vida, com qualidade. É sobre dar vida aos dias. É enxergar o próximo pela pessoa que é e não pela doença que tem. Como disse Cicely Saunders: “Eu me importo pelo fato de você ser você, me importo até o último dia da sua vida e faremos tudo o que estiver ao nosso alcance, não somente para ajudar você a morrer em paz, mas também para você viver até o dia da sua morte”. A vida é um dom maravilhoso, mas é finita. É um ciclo que tem início e fim.

O sábio Salomão disse em Eclesiastes 3:1-2 “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu. Há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de colher”. Falar sobre finitude não atrai a morte.

A única certeza que temos é que um dia morreremos, não é mesmo?

Negar a morte não a impedirá de chegar. É claro: não estamos preparados para morrer, nem para perder aqueles que amamos. A melhor forma é lidar com naturalidade e nos programarmos para esse evento.

Os Cuidados Paliativos também ajudam o paciente e seus familiares a enfrentarem esse momento tão difícil, tornando esse processo menos doloroso para todos.